sábado, 22 de agosto de 2015

O Primeiro Horror.

"Não posso dormir com o barulho das águas.
 As ondas rancorosas ressoam as mágoas,
 De pobres almas que no mar ganharam sentença
 Então me levanto, e dou ao oceano minha presença.

 A madrugada fria ganha força com vento,
 Mesmo em devaneio percebo o aumento
 De maré se arrastando lânguida pela areia,
 E das sórdidas águas emerge uma sereia.

 Não como nas histórias de fantasia,
 Pois dessa mulher eu sentia a agonia.
 Seu espírito jazia alquebrado
 E seu corpo, ao mar acorrentado.

 Sua voz rouca implorava por ajuda,
 Não consegui mover, senti a garganta muda.
 A farroupilha sereia começou a deformar,
 Seu fraco corpo e a areia estavam a se misturar;
 Num instante de horror e pânico excessivo,
 Meu corpo logo me tornou vivo;
 Corri para a choupana beira-mar
 Tranquei a porta
 Esperei a noite acabar.

 O medo me fez curioso, embora sentisse uma forte cólica;
 Mas venci meu receio, fui entender a aparição diabólica.
 Na mesma hora, do seguinte dia, retornei à praia;
 Logo em seguida, vi algo preso na raia
 Que coloquei para delimitar o lado seguro para nado,
 Mas naquela hora
 Nadar não seria meu fardo.

 Um corpo singularmente familiar,
 E quase vomitei
 Quando vi
 Meu corpo estava a balançar.
 Virei-me para ceder ao medo novamente,
 Porém, perto da choupana vi algo surpreendente ;
 Uma figura se movia em lentos passos :
 Possuía duas cabeças
 E seis braços.
 Proferia sem cessar, um canto em línguas estranhas,
 Então logo senti um calor nas entranhas.
 Sangue.

 Acordo suado e pela janela só vejo o dia raiando,
 Olho pela janela e me sinto aliviando.
 Tudo não passara de sonho,
 Exceto pela poça de sangue em minha cama."



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