domingo, 10 de agosto de 2014

Estão entre nós.

 "Trazê-los à tona não é um erro, eles sempre estiveram entre nós e sorrateiramente ganham forças, até que se revelem e dominem o mundo inteiro.
 Estamos sozinhos.
  Sozinho é uma palavra que o trio de amigos Erik, Isabelle e Samuel não conhecia. Passavam quase todo o tempo juntos, exceto quando Isabelle e Samuel ficavam sozinhos para namorar. Incrível como o namoro não atrapalhava a amizade dos três; pois o casal viva grudado em Erik, como se fosse um líder.Fazia bem esse papel; era um charlatão, fala-mansa e metido a sabe-tudo, mas um rapaz divertido e de fato inteligente. Era o mais alto dos três, o que não era muita coisa, pois Samuel e Isabelle tinham o mesmo tamanho. Assustador, parece que nasceram um para o outro.
  Uma noite nas luzes da cidade. Feromônios no ar fazem a libido dos jovem entrar em erupção.O trio conheceu Elva, uma garota misteriosa, mas que adorava se divertir pelos sons ascos e bebidas alcoólicas que a cidade oferecia em culto á virilidade.A virilidade começava a sussurrar nos ouvidos dos quatro jovens.   Decidiram ir para um lugar mais isolado da cidade,para desfrutar do silêncio do isolamento e também desfrutar da presença atrativa e gostosa que um gerava ao outro.
  Chegaram à grande casa abandonada que ficava a uns 350 metros afastados de um canto da estrada principal da cidade. Havia uma antena nova na casa.
  Era uma casa de madeira trabalhada, muito bela e simples por dentro. Não haviam aparelhos eletrônicos, as luzes eram de velas e lamparinas, que iluminavam muito bem o local. O pessoal estava arrumando a sala e o tapete, enquanto Erik viu um quadro de uma jovem ruiva, com agasalhos antigos. Na parte baixa do quadro dizia : Para Violet.
 Uma mão no ombro de Erik.
 Samuel estava o chamando, o tabuleiro de Ouija estava pronto.
 Conversar com espíritos era um passatempo daqueles amigos curiosos, e Elva concordou sem hesitação.
 Começaram.
 Sinceramente, nunca acontecia nada. Depois da sessão, ficaram contando historias de terror sobre espíritos, mortos-vivos e qualquer coisa que tire sono.
 Chiados. Só Erik os ouviu.
 Quando olhou para ver a reação dos demais percebeu os olhos de Elva procurando os seus
 Fecharam a porta e começaram a se beijar.
 Chiados.
 O copo do Ouija caiu da mesa. Isabelle e Samuel estavam no outro quarto. Silêncio na casa.
 Chiados de televisão.
 Erik gritava pelos amigos para checar se estavam bem. Silêncio.
 Chiados.Barulhos perturbadores.Sons de língua estalando...Como se fosse uma conversa.
 Elva ?
 Erik estava sozinho.
Saiu devagar do quarto.Não saiu todo,à meia porta viu o que parecia carne humana revirada e moída, junto com litros de sangue pelo tapete.
 Pasos rápidos.
 Gritos de Elva.
 Erik ficou cerca de dez minutos dentro quarto, quando decidiu sair para verificar os incessantes gritos de Elva.
 A sala banhada em sangue e um forte chiado. As peles dos rostos de seus amigos no chão causaram náuseas.
 Sombras vistas pelo vão entre a porta do outro quarto e o chão.Os gritos eram fortes lá.
 Erik respirou.
 Contou.
 Abriu a porta devagar.
 Dois seres pequenos ( Da altura de Isabelle e Samuel ) com olhos negros e grandes, com as bocas cilíndricas e esticadas, pele cinza e enrugada, dedos finos, assim como seus braços e pernas e cabeça oval. Esses dois seres tinham Elva presa em uma espécie de mesa cirúrgica, com a barriga aberta. Os seres reviravam os órgãos de Elva como se buscassem examiná-los e ignoravam os gritos de dor.
Elva, pálida, olhou para Erik e disse :
  Fuja.
  Sangue escorreu de sua boca.
  As duas criaturas viraram lentamente as cabeças para Erik, e não paravam de encará-lo e fazer os sons estalidos de língua."

Eles estão entre nós.
Estamos sozinhos.