De volta da diária carnificina,
Uma Loba velha
Encontra uma abandonada Menina.
Surrado seu vestido,
Sangrando pelos poros.
A Loba ficou de coração partido.
Arrastou a pobre moça para a caverna.
Lá havia água cristalina
Então lavou-lhe o sangue da perna.
Havia caça sobrando,
Amontanhada.
Mesmo com fome, a menina pegou,
Acanhada.
Seus dentes a Loba não mostrou,
Pois sabia que a todos amedrontava.
A Menina, então, tirou o cinto,
Pois o punho da espada
A machucava.
Por dois dias e duas noites,
Se alimentou à moda lupina.
Então uma amizade se deu
Em meio à caverna de uma rapina.
Na terceira noite, a Loba sentiu fome
E um cervo passou na frente da caverna
Bem à vontade.
Sem pensar, a Loba lhe estraçalhou
Sem a menor piedade.
Enquanto se refestelava
Não percebeu:
A Menina em pânico estava.
Não tardou a reagir
De forma ordinária:
Sacou a espada
E cravou no pescoço
Da Loba solitária.
Não se arrependeu.
O sangue, lânguido escorreu.
Sem um apropriado fechar de cortinas,
A Loba, esquecida,
Morreu.
A garota caminhou, sem para trás olhar.
Olhou para o sangue na espada,
Sem pensar em quantas lobas
Sua ingratidão e medo
Iriam matar.