quarta-feira, 27 de dezembro de 2017

Reditus Aeterna Cantiuncula.

 De volta da diária carnificina,
 Uma Loba velha
 Encontra uma abandonada Menina.

 Surrado seu vestido,
 Sangrando pelos poros.
 A Loba ficou de coração partido.

 Arrastou a pobre moça para a caverna.
 Lá havia água cristalina
 Então lavou-lhe o sangue da perna.

 Havia caça sobrando,
 Amontanhada.
 Mesmo com fome, a menina pegou,
 Acanhada.

 Seus dentes a Loba não mostrou,
 Pois sabia que a todos amedrontava.
 A Menina, então, tirou o cinto,
 Pois o punho da espada
 A machucava.

 Por dois dias e duas noites,
 Se alimentou à moda lupina.
 Então uma amizade se deu
 Em meio à caverna de uma rapina.

 Na terceira noite, a Loba sentiu fome
 E um cervo passou na frente da caverna
 Bem à vontade.
 Sem pensar, a Loba lhe estraçalhou
 Sem a menor piedade.

 Enquanto se refestelava
 Não percebeu:
 A Menina em pânico estava.
 Não tardou a reagir
 De forma ordinária:
 Sacou a espada
 E cravou no pescoço
 Da Loba solitária.
 Não se arrependeu.
 O sangue, lânguido escorreu.
 Sem um apropriado fechar de cortinas,
 A Loba, esquecida,
 Morreu.

 A garota caminhou, sem para trás olhar.
 Olhou para o sangue na espada,
 Sem pensar em quantas lobas
 Sua ingratidão e medo
 Iriam matar.