quinta-feira, 26 de dezembro de 2013

Fracasso,reparação e silêncio.

 "Que me desse o prazer pequeno de lavar seus pés na margem do rio.Mas espio em silêncio,almejando sua inocência magnética e umedecendo os lábios,num reflexo luxurioso.
Não é meu amor desejando,mas só os gritos silenciosos para reparar meu fracasso,que tem seu nome cifrado.
  Escuro,frio e solitário se faz a noite do amargurado.Comer nunca é o bastante nem beber jarras de vinho mediterrâneo que atordoam e acentuam com sabor essa sensação que não abandona minha garganta.Olho pela janela e vejo.Vejo cegamente os pequenos problemas que o mundo dá atenção mas não se curva ao meu sofrimento.De que vale as grandes guerras se os cadáveres não se curvam à suas coroas ? Vale todo o mísero dinheiro que pode existir;pois então que os poderosos aprendam a fazer amor com o ouro.Acabo de reparar no fracasso humano,mas fico em silêncio.
  Tempestade de neve castiga minha província,e pinta em branco minha noite que insiste em ser negra e penumbrosa pelo fogo das velas na minha mesa.Assopro acidental e uma vela se apaga.O poderoso fogo,cai na primeira investida,e fazem os as outras chamas dançarem receosas.Assim me conformo : Não existe magnitude inatingível nem fortaleza inexpugnável.Então por que não cai ao chão,maldito ego ?
  Sono e embriaguez me atormentam e enfraquecem para que eu não reaja.Não reajo à natureza,tampouco consigo contra meu próprio coração fraco.Porém o orgulho berra de dentro para fora, e exige sua merecida parte no que me protegeu da cruel compaixão esses anos todos.Meu coração está assustado,mas não há fuga para fora do peito,então decide morrer com dignidade,sem reagir nem suplicar.
  Aço,sangue,chão.
  Uma barra de saia,e pés estreitos recém lavados.Sons confusos,gotas de sangue,ela morre por me amar secretamente.
  Meu fracasso,sua reparação,nosso silêncio.

domingo, 22 de dezembro de 2013

A Tempestade.

  Só versos expressam, crônicas servem para matar, mas propósito devido, ao passo que seu coração cheira a sangue e aço novo.Tudo muito quente e perfeitamente corrido.
 
"Incompreensível.A palavra é incompreensível.
Olhos só deviam servir para enxergar, mas capturam atenções e expressam a linguagem da alma.
Boca para alimentar-se e respirar,mas filtram suas palavras justapostas na voz de Musa.
Corpo que deveriam sobreviver aprisiona e faz sofrer devagar.

 Ventos uivam lá fora, e você incendeia aqui dentro.
Porém a noite esta quieta e nada acontece, só umas solitárias no céu,tais se chamam estrelas.
Iluminam os caminhos dos viajantes e rodam em torno de uma maior.

Noite adentro, e frio suave.Toque macio e arrepios.Mão gélida.Coração gélido.
Furacão,tornado,nevasca e Deuses em forma de natureza.
Relâmpagos,trovões,e nós,deitados na relva contando os pingos da chuva da chuva.

Um abraço e choro.Perguntas caladas sobre existência e justiça.
Nascimento sujo e chuva que devia limpá-lo, pois só os loucos saem na chuva da madrugada,mas não os loucos,os corajosos em limpar a própria alma.
Você renasce com o raio de sol primo da manhã e eu assisto sua tempestade baixar junto com suas pálpebras molhadas."

Claustrofobia.

"Eu poderia morrer por você.Só não te conheço.
Cárcere sem tamanho,proporção ou respeito.Não vejo seu fim, e procuro pelo começo.
Dei-te o meu coração,minha alma e todo meu amor.Tijolo não retribui beijos.
Paredes sólidas e totalmente intangíveis, me permitem uma brecha para que eu possa suspirar pelo mundo que não possuo.

Acordo.Não me lembro de ter dormido,mas o tempo desvia seu curso deste cárcere, e minhas noções são totalmente dedicadas a estas muretas frívolas.
Socos na parede como pulsações.
Memória que corrompida pela ação do esquecimento,meu único amigo.Amigo sim,me faz desabafar e queimar minhas memórias para que a dor seja reduzida.
Memória acordou e invadiu meu exílio precioso para me torturar e fazer-me sentir dor de novo.
Mãos frias e brancas,pés estreitos e graciosos e meu coração que palpitava em sua própria língua.Agora palpita de novo,porém mais forte ao passo que minhas saudades consomem minha alegria de ficar a sós com minha imagem em forma de parede.

Fogo se ergue,e você era tão fria.Eu amava.
Agora esse fogo queima a areia do meu próprio deserto e a transforma em vidro.
Só consigo me ver no vidro.Talvez porque só exista a mim.
E minhas lágrimas solitárias."

sexta-feira, 13 de dezembro de 2013

Memórias De Um Viajante.

"Há sangue por toda minha mesa.
 Não sangue de vingança nem de morte fétida,
 Só o sangue do meu coração,
 Que uso como tinta
 Para contar-lhe meus anseios
 De um continente através do seu.

 Hão facas de prata na minha mesa.
 Não as que uso para apunhalar mercadores do norte,
 Só as que gasto em devaneios
 Escrevendo seu nome em minha mobília.

 Há neve no mundo lá fora
 E o fogo da lareira conversa com meu corpo,
 Aquecendo.
 E com meu espírito,
 Acalmando.

 A nevasca acalma e lucida o espírito,
 Assim como incendeia a pressa.
 Pressa que dizem ser inimiga da perfeição,
 Faz-me buscar o que não possui falha alguma.
 Sou perfeccionista por amar-te.

 O dia recomeça coberto de branco na paisagem.
 Mais um sol que vem ser paciente ao descongelar do horizonte,
 Às vozes que cantam sua ascensão diária,
 Aos túmulos que jazem as memórias dos caídos.
 A todos lamento.
 Abraço minha espada e retomo a caminhada,
 Rumo à direção que sua marca me orientar."



quinta-feira, 12 de dezembro de 2013

Diário Do Solitário.

"Acordar .Desafogar dos pesadelos constantes.
  Sol vazio e cheio de energia vazia ilumina todo o meu dia, mas o passo nas sombra e na penumbra,caçando minha sobrevivência crepitante.
  Como coisas mortas para sugar a suas vidas e aliviar minha gula bestificada. Bestificada e selvagem pela vida solitária que amargo.
  Floresta para a esquerda, deserto para a direita, e mar bem a minha frente. Mar que me libertaria, porém só me aprisiona em cárcere diferente.O mar esconde segredos.
  Nada a fazer, e como um garoto, pulo em lago raso que faz-se ouvir o ecoar do barulho de mergulho.Várias e várias vezes o mesmo barulho.Ninguém capta.Não há ninguém em lugar algum.
  A noite beija o horizonte e os invejo pelo crepúsculo erguido da demonstração de amor.
Trancafiado pela vontade de ter liberdade, então ergo uma moradia pomposa. Bibliotecas enormes,com livros em branco,e outros com diários ocos dos meus dias vazios.Falta algo que ainda não tive,se ao menos sei o que é possuir.
  Não durmo no limiar da noite, mas não pelos gritos e grasnidos de demônios que vivem a circular a casa, objetivos em matar; não durmo realmente pelos demônios que sussurram à esquerda do meu peito e são objetivos em dominar.Eles estão em todo lugar,protegendo um segredo.
  Dormir. Desafogar dos pesadelos ligeiros.
  Neve. Fria e branca que desliza suavemente pelo meu rosto, e me proporciona a noção em cor do meu objeto de ausência. Saudades é grafia do meu desespero,que jamais se valeu de algo para guardar eternamente para si. E guardaria somente na memória.Teria o meu segredo, no qual o mundo inteiro seria alheio e sentiria a mesma inveja que sinto dele pelos seus segredos infinitos.
  A sobrevivência só é interrompida pela falta de vontade de viver ou pela morte.E sendo assim, lutei com valentia,até quando os chacais do deserto me emboscam e não hesitam em me devorar.
  Morrer. Dar inícios e fim aos verdadeiros pesadelos."
 

quarta-feira, 4 de dezembro de 2013

Notas da noite.
  "Devaneios um pouco sem fôlego,mas fortes e concisos como devem ser o devaneios, principalmente esse que aspiram ao fim do caminho.Não quer dizer término nem começo novo, na verdade não quer dizer nada.
  Tudo porque a natureza sempre foi egoísta e não revela seus planos nem métodos para os verdadeiros curioso, que se aproveitam dela como símbolo de redenção por ser tão curioso e fraco.Com palavras silenciosas e gestos cifrados dançam ao embalar da noite de ventos que vem da montanha e carregam sussurros e juras que parecem ter-se desperdiçado ao momento, mas só é sentido com o sangue e com o tempo, ambos correndo quentes nas veias e nos caminhos da vida.
  Vaz encontrar-te perdido fora destes muros e essa floresta densa, mas que se torne interessante viver um dia após ao outro pelo gosto de lutar contra tudo e para todos."