"O mundo está lá fora,
Pronto para ser consumido.
Deixo o vil prazer às carnes mais ansiosas;
Que fazem luzes e barulhos sem pudor,
Como se a própria natureza da escuridão
Fosse cega e surda.
Os menores deleites são os mais imprescindíveis,
Na noite de escuro eterno;
Em que as chamas da vela iluminam o espírito
Através do próprio corpo, como no papel;
E destacam na escuridão virgem da parede
O espírito de todas as coisas,
Que é sombrio tanto de dia como de noite.
Atiro esse anel de ouro junto à tempestade
Que enfurece noite adentro.
Molha minha janela
Com chuva
E minha cama
Com sangue.
O fogo noturno apaga.
A lua mudou de posição como faz o sol;
Então por ela marco as horas regressivas
Que a noite noite me faz aguardar
Ante a terrível sentença de um dia luminoso.
As brasas remanescentes da lareira
Têm um brilho tímido,
Ao que leva a crer que,
Quanto mais forte um fogo na escuridão
Menos luz ele parece ser;
Apenas uma janela ao inferno."
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