domingo, 23 de março de 2014

Neologia.

"A guerra, a fome,a dor,o desespero,o choro,o sangue,o dinheiro,os risos,os grunhidos,os pecados,o ouro,a violência,a praga,as armas,as bandeiras,o sol,a corrupção,os protestos,o torneio,a comida,os livros,o fogo,o exagero,a verdade,a mentira,os santos,os heróis,as espadas,o apocalipse...
  ...E o deserto. Areia,sangue;destroços de máquinas,cidades e pessoas. A sensação revigorante de estar vivo é engolido pela incerteza fugaz do agora. Então eu caminho, rumo ao nada.
  Várias dunas de areia qualificam a paisagem maçante desse imenso lugar nenhum e o sol é o único companheiro,na condição de estar sempre calado.
  O calor causa insolações e reflexões acerca da vaga memória que vai se iluminando com a caminhada, trazendo cada rosto e lembrança que passa diante aos olhos provoca sensação de gotas de chuva, e faz com que minha mente se isole do deserto à minha volta.Tudo passa muito rápido.
  A jornada não leva a lugar algum,e meu corpo interpreta essa busca infrutífera com desânimo, dando sinais de clara desistência.Encontro um escombro do que já foi um prédio e me refugio em sua sombra.
  Fome,nostalgia e mais um pouco de esperança que ficando podre junto com os resto da antiga civilização,e podre também fica o coração.É triste sentir quando nele há apenas sangue.
  A noite no deserto é gélida,então caminho para não o calor me manter de pé. A lua e as estrelas me surpreendem, pois nunca as vi em meio a tantas explosões, além do medo de não olhar somente para frente.
  O sol retorna para marcar minhas vagações e iniciar outro dia.
 "A artilharia defensiva estava posicionada e pronta para derrubar qualquer coisa viva ali perto,mas ainda sim os soldados tremiam de tanto medo, e em seus olhos estavam divididos entre o horror e o dever para com a carnificina sem sentido, que vinha marchando do horizonte..."
  Encontrei próximo às ruínas de um veículo alguma coisa que pudesse ser comestível, e adiei meu sofrimento fatal, não importando por quanto tempo,pois este já havia sido consumido junto com a guerra...
 ...Ou talvez tenha me engando, pois o tempo me rastreara nesse inóspito mar de areia e infectava meu ego com a necessidade.
 Quanto mais a mente aprendia com o vazio, mais o corpo padecia com a insistente fome e as trocas bruscas de temperatura.
  Em um ponto adiante fui alcançado por uma tempestade de neve, por acaso podendo encontrar um sobretudo em um corpo ex-humano que estava estirado ao chão.
  Os ventos fortes e o medo do que estava á frente me empurravam de volta à parte quente, mas não havia volta ao tempo gasto atrás.
  Chegada em uma montanha coberta de neve, e à frente estava uma magnifica aurora boreal que fazia mais que dançar sobre minha cabeça, ela se comunicava em silêncio com minha mente e começara a remover toda a angústia,medo,dor,fome,ansiedade que eu havia passado no caminho atrás, e como em um pedido terno, removeu minha vida junto."

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